3 - Pecado – Riqueza excessiva




Ganância

A cada dia sorves
o dinheiro dos pobres
alugando ao desbarato
a sua força de trabalho
essencial à tua riqueza.

Contas dia após dia,
notas e mais notas,
nessa registadora,
embutida nos teus olhos.

Sentes ao de leve,
entre as falanges,
o deslizar do dinheiro,
notas sujas,
manuseadas pela multidão.

Os cifrões,
os euros,
os dólares,
acumulados em maços
sem uma ordem natural.

Um acumular doentio,
soberba na ganância,
alfa e ómega da vida,
ausente, a felicidade!

O endinheirado tudo compra,
pensando a vida ao cêntimo,
incapaz de comprar o tempo,
esgotado o tempo, sem tempo.

Passado o tempo gasto,
resta gastar o tempo
que resta gastar,
sem tempo suficiente.

 Portimão, 11 de agosto de 2019 – 00 h 30 m

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