Arame Farpado

Arame Farpado


Fronteiras cercadas,
fronteiras fechadas,
enclausuradas de medo,
os aflitos agarram com garras
a oportunidade da vida
digna noutro lugar.

Encostados ao arame,
farpado sanguinário,
pousam de perfil
para uma fotografia…

Veem-me à memória,
outras fotografias,
os campos de extermínio,
as chaminés altas,
os fornos lúgubres,
o cheiro nauseabundo…

Os campos esventrados
por valas comuns,
cemitérios coletivos…

O medi…terrâneo sepulta…
Todos os dias amanhecidos
corpos vigorosos,
desesperos gritados…

Em cada onda uma revolta
silenciada…

Em cada barco,
viajam os anseios,
as esperanças ingénuas…


À deriva no mar,
a compaixão,
o egoísmo,
a ganância,
a desumanidade…

Os sem papeis,
novos escravos,
antes do arame farpado,
mergulham para a morte
na enorme vala comum
da humanidade
chamado Mare Nostrum.

Zorba o Grego, Campo, 10 h 51 m, 11 de julho de 2018

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