Gitanos

Gitanos

Cabelo em desalinho
barba eriçada
baforada de fumo
inalada em mais um
cigarro paivante.

A prole enregelada
aguarda o mata bicho
com os estômagos famintos
rugindo com a fome.

A fogueira crepita
a mãe cigana
anda num virote
ajeita as saias
e o saiote
afastando os mais novos
da sua beira.

Desembaraçadas as mantas
algum alinho na Transit
último reduto da noite
suite nómada da etnia.

O aroma a café
desperta os bocejos
das bocas famintas.

Algazarra de vozes
implorando o seu quinhão...
Pão por Deus !

Aos poucos serenados
os ânimos acesos
por um bocado de unto
os gitanos agitam
os braços doridos
encolhidos numa noite
escura interminável.

A rusga dos ganapos
encontra-se pronta
para o giro da venda
dos cestos e cestinhas
labor das mãos hábeis
do gitano maior
patriarca barbudo
com medalhinha ao peito.

Ao largo de Belmonte, 11h50m de 20 de janeiro 2018
Zorb@ o Grego









Comentários

Visualizações