Amolador

Amolador

Manhã submersa
neblina cerrada
dentes a tiritar
desconforto habitual
num arrepio friorento geado.

O som metálico irrompe
nos nossos sentidos
fogo de artificio efémero
na roda do amolador.

Cutelos, facas
navalhas e tesoiras
entregam forçadas
o seu fio de gume
ao pedalar do homem.

Afiadas ao limite
passajadas pelo pano
entregues com cautela
às freguesas ocasionais.

As costureiras modistas
anseiam que o corte
rigoroso dos moldes
respeite as linhas
marcadas a sabão
numa fazenda tecida ao tear
por mãos calejadas
de operárias fabris.

Um assobio
relembra a presença
nas ruas,
do amolador
artista de mãos
prontas para as varetas
de qualquer guarda chuva
açoitado por um vento mais forte.

Finda a tarefa
retirado o descanso
a bicicleta volta à estrada...
Ao encontro das facas desafinadas
sombrinhas de senhora
com pulso delicado.

Fórum Viseu, 9h45m de 20 janeiro 2018
Zorb@ o Grego

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