Gargantas de luto

Gargantas de luto

Encostas calcinadas de negro
árvores devoradas de pé
caminhos cobertos de fuligem
casebres devolutos de vida.

Terrenos sentenciados
por uma erosão certa
incapazes para uma fertilidade
num futuro próximo.

Num deserto negro de Atacama
uma miragem dolorosa ao nosso olhar
um frondoso bosque de esqueletos
quais varapaus sem préstimo.

Lentamente a vontade de renascer
sacudirá as faúlhas
da desgraça para longe.
Semeará o bosque encantado
à beira dos riachos translúcidos.

Os duendes tristes voltarão a sonhar
com a passarada dos chilreios
os homens e as mulheres levantarão
as suas cabeças cabisbaixas de medo.

Com muita tenacidade resiliente
e de viva voz...
Limparão das suas gargantas o luto
numa luta sem tréguas...

Castanheira de Pera, 7 h 48 m de 12 de agosto de 2017
Zorb@ o Grego



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